A doença do refluxo gastroesofágico é caracterizada pelo retorno involuntário e repetido do conteúdo gástrico para o esôfago. O conteúdo estomacal, por apresentar ácido clorídrico, apresenta um pH mais ácido, diferente do que o esôfago está acostumado. Essa agressão repetitiva acaba gerando danos à parede esofágica. O retorno desse conteúdo normalmente está associado a uma disfunção do esfíncter esofagiano inferior, que controla a passagem de alimento do esôfago para o estômago. Quando há fragilidade desse esfíncter, o conteúdo consegue retornar com mais facilidade, causando os sintomas conhecidos da doença do refluxo. Além disso, a causa do refluxo pode ter origem anatômica, como a hérnia de hiato, caracterizada pelo deslocamento de parte do estômago para a cavidade torácica.
Entre os principais sintomas de um quadro clínico de refluxo podemos destacar azia ou queimação (geralmente iniciada na boca do estômago e que tende a subir pelo esôfago), saciedade precoce, dor torácica que pode ser confundida com dor de origem cardíaca, além de sintomas como disfagia (dificuldade de deglutição), tosse e outras manifestações. Existem alguns fatores de risco que estão associados à doença do refluxo, como obesidade, refeições volumosas (principalmente antes de deitar-se), aumento da pressão intra-abdominal e ingestão de alimentos específicos, como café em excesso, chá preto, bebidas gasosas, consumo excessivo de álcool e comidas ácidas.
O diagnóstico de refluxo é clínico e auxiliado por exames complementares como endoscopia digestiva alta e pHmetria. O tratamento do refluxo pode ser realizado de forma conservadora, com medicamentos orais que reduzem a atividade ácida e alterações de hábitos de vida, como emagrecimento, mudança de dieta e realização de atividade física. Segundo o Dr. Guilherme Cotta, em alguns casos a abordagem cirúrgica pode ser recomendada, como nos casos de hérnia de hiato, quando o paciente não respondeu bem ao tratamento conservador ou quando é necessário introduzir uma válvula antirrefluxo. A cirurgia pode ser realizada de maneira convencional ou por via laparoscópica, apresentando bons resultados nos casos refratários ao tratamento e melhorando significativamente a qualidade de vida do paciente.
